Seduções de O.



A língua de neblina, já percorre o corpo
Calças, camisa e casaco, apagados.
Linhas esbatidas, nuvens
Que deixam de estar em cima
E passam a ser em frente.
O cinto do horizonte esfuma-se,
Deixando o mundo nu,
Atrás de vaporosas cortinas.
Aqui e além, pirilampos de fogo,
Luzes de âmbar em janelas despertas.
Casas ondulantes enxameiam
Tela verde a onírica aguarela.
Árvores desprovidas de pudor
Arremessam sonora e lascivamente
A roupa interior.
Solo em anseio de ser tocado
Por livres passos de dança.
Março pode beijar com sabor virginal,
Mas o maduro Outubro sabe manear a anca.

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