Diva em Plastik



Mais plástica e consumível
Que um saco de hipermercado.
 Todos os adereços
Parecem gritar:
-Escrava de mercado.
Batom…
 Cor de cabelo garrida
Quais néons a anunciar,
Superfície colorida
Em alma corrompida.
                                                         

Olhar inexpressivo de boneca
Eternamente focado,
 Num horizonte Moldado
Como um eco de espelho.


A conversa afectada,
Pomposa,
Sem expressão de dúvida
Prodigaliza máximas
De qualidade duvidosa.


Uma foto!
Como prova de identidade,
Manifesto de exotismo
Sobre ossos
De irritante normalidade.


Por favor muda o sabor,
Pois até uma goma
 Deve ter paladar variado.
E eu já não aguento mais
Este pesadelo açucarado.









Memória no areal



Destroço de navio
Musgoso e abandonado
 À Tua rigidez original
Foi sugada a vitalidade.
Face à moleza actual
As antigas glórias,
Irreversivelmente
 Distantes memórias.
A tripulação de branco alvar
 E azul-marinho
Deu sem se aperceber lugar
A Gordos vermes em desalinho.
As antigas canções do mar
Afinadas em gin
Foram Substituídas à dentada
 Por um pavoroso festim.

E tu, inocente ou inconsciente
Persistes em planos debilitados,
Tentas esquecer inutilmente
O casco e leme desarticulados.
Antes beijado
Pelas ondas e espuma
Agora conquistado
Pela areia e a bruma.

Sonhos



Os sonhos abusam!
Do seu estatuto encantado,
Em vez de bem-estar
E esperança futura,
Destroem a mente
Com plácida tortura.

Falam de sonhar acordado
Como panaceia para o mal de existir,
Mas parecem tais devaneios
Uma forma subtil
De a real existência proibir.

O castelo de nuvens,
Merece sem margem para piedade,
Acto de terrorismo,
Pois lentamente
Condena a vida real
A um monótono derrotismo.

Acção!
Para a frente,
Com ímpeto e fúria.
Chega de passividade
E onírica maldição.